Azeite de Oliva
Conta a lenda que Posseidon, deus do mar e Atena, deusa da paz e da sabedoria, reivindicavam o direito de proteger a mesma cidade na Ática. Para resolver o dilema Zeus, Senhor do Olimpo, decidiria por aquele que oferecesse aos homens o presente mais precioso.
Posseidon, com seu tridente, fez surgir de uma rocha, um fogoso cavalo. Atena, por sua vez, com uma pancada no chão, produzida por sua lança dourada, fez brotar a oliveira, cujos frutos haveriam de alimentar o povo grego e o óleo suavizar a dor dos feridos nas guerras.
Zeus considerou que a oliveira seria mais útil e assim, surgiu Atenas, a cidade protegida pela deusa da paz e da sabedoria.
Desde então, o azeite tem sido considerado o Néctar dos Deus. As oliveiras também são destaque na Bíblia, tanto no Velho como no Novo Testamento, em várias passagens e os ramos de oliveira eram usados pelos seguidores de Jesus em sua homenagem.
O plantio de oliveiras e produção de azeite em maior escala se iniciou em Creta. Mas foram os gregos que iniciaram o uso do azeite de oliva na maioria das aplicações que hoje conhecemos: culinária, estética e como combustíveis para iluminação noturna.
Os romanos deram um outro uso ao azeite: o medicinal. Frequentemente usado em ferimentos de guerra e pela grande expansão do Império Romano houve a necessidade de se incrementar a produção, o que levou também ao crescimento de sua comercialização e valorização como bem de consumo e comércio.
O século XIV viu emergirem duas grandes escolas gastronômicas no que diz respeito aos condimentos. De um lado, os povos do Norte europeu que declaravam supremacia às gorduras de origem animal, especialmente de suínos. Do outro, os povos do Sul da Europa que valorizavam o azeite como o principal ingrediente de sua culinária.
No século XVIII, inicia-se a identificação e classificação das oliveiras e seus frutos, surgindo assim, diversas variedades de acordo com sua origem geográfica. Também, em função do grande crescimento econômico europeu nesta época, o cultivo e a fama da oliveira se espalhou, expandindo-se para a maioria dos países da Europa. Ainda neste período, na Itália, duas regiões (Ligúria e Toscana) se destacaram como centros de produção e excelência em azeite. Posteriormente, no século 19, também a Úmbria se tornou uma grande produtora e exportadora de azeite de oliva.
No século XX, no período pós-guerra, especialmente pela valorização dos alimentos de origem animal houve um acentuado decréscimo no consumo e produção do azeite de oliva, que passou a ser, neste período, considerado um ingrediente culinário de pouco valor gustativo e nutricional.
Felizmente, hoje em dia o valor nutricional do azeite de oliva tem sido progressivamente resgatado, principalmente pela grande expansão da culinária mediterrânea, que tem no azeite seu maior ingrediente.
A importância da oliveira no mundo mediterrâneo é salientada pelos significados simbólicos que lhe são atribuídos: perenidade e força; e o sumo de seus frutos, o azeite, está ligado à saúde e ao uso milenar em unções e ritos religiosos.
A oliveira (olea europaea) apareceu inicialmente na área que abrange o sul do cáucaso e as encostas do planalto iraniano, segundo comprovações arqueológicas cerca de 8 mil anos atrás. Dali, se propagou para a Mesopotâmia, Palestina, Egito, ilhas do Mediterrâneo, Grécia, Itália e Península Ibérica. Hoje é também cultivada na Austrália, Estados Unidos (Califórnia), Chile, Argentina e recentemente no Brasil, no Rio Grande do Sul e ao sul do estado de Minas Gerais (Maria da Fé).
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